quinta-feira, 8 de maio de 2014

ALELOPATIA? (II)



Estevas em flor misturadas com sardinheiras rubras não são coisa frequente em jardins portu-gueses, e no entanto parece-nos perfeito o convívio entre estas duas espécies, a autóctone Cistus ladanifer e a alóctone Pelargonium. 

Além do interesse paisagístico das estevas e do valor ornamental que as suas efémeras e frágeis flores conferem aos jardins no início da primavera, há que lembrar também o uso medicinal desta planta, reconhecida desde a Antiguidade pelas suas propriedades sedativas. 

No século XVI, o célebre Amato Lusitano, pseudónimo de João Rodrigues de Castelo Branco (1511-1568), empregava o óleo de esteva como unguento. Nascido em Castelo Branco mas expulso de Portugal devido às suas origens judaicas, esta grande figura da história da medicina europeia do Renascimento, fez justiça à natureza da sua terra. 


> Xisto|Banco de Imagens da Silveira (BIS)
Sardinheiras e estevas em flor no Terreiro da Saudade,
Jardins do Xisto, Silveira dos Limões, Abril 2014
fotografia digital
©  CRO|XISTO|BIS|JX(RO)

2 comentários:

  1. Estes textos ajudam a esclarecer 'mal-entendidos' que muita gente (em que me incluo) tem sobre certas plantas autóctones mal-amadas. A esteva, como a giesta ou o tojo, são exemplo disso. Quanto à fotografia, parece um louvor à simplicidade: a luz 'fresca' e as suas sombras, as pétalas de esteve e de sardinheira, branco e encarnado. Perfeita imagem para "A Cidade e as Serras", de Eça de Queiroz!!

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    1. "A Cidade e as Serras" de Eça de Queiroz, obra representativa dos contrastes e tensões entre dois mundos, continua actual. Obrigado pelo comentário.

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